As pessoas usualmente torcem – na ficção e na vida real – para que bandidos acabem presos e paguem pelos seus crimes. Porém, se tratando de La Casa de Papel, série espanhola que chegou recentemente à Netflix, a torcida é justamente contrária. A esperança em ver o sucesso dos criminosos é o grande motivador do público.

Em parte, a expectativa para o final feliz dos bandidos se dá pela audácia do brilhante plano do Professor, que durante 5 anos se dedicou a arquitetar o maior assalto de todos os tempos. Mas, o que definitivamente coloca o público a torcer pelo sucesso do roubo são os oito criminosos recrutados para por o plano em prática.

Conhecidos por codinomes, Tóquio, Rio, Denver, Berlim, Oslo, Nairóbi, Moscou e Helsinque tem habilidades especificas que se complementam e tornam possível a invasão a Casa da Moeda de Madri.

A grande sacada do criador Álex Pina foi em humanizar o grupo de bandidos. Para cada um desses personagens foi construída uma personalidade bem distinta e particular, algumas menos amigáveis que as outras, mas nota-se que os papéis não foram pensados para serem basicamente divididos em heróis ou vilões, há um pouco de ambos em cada um. Em contraponto e ironicamente, os personagens que acabam não sendo tão queridos são os reféns (trabalhadores, seguranças e visitantes da Casa da Moeda).

A construção da narrativa também foi um grande acerto. Há duas linhas temporais, passado e presente, que se alternam de acordo com o desenrolar dos episódios, criando um clima de suspense, expectativa e tensão do início ao fim. Aliás, é impossível deixar de mencionar a imprevisibilidade e os vários plot twist  que marcam o enredo.

La Casa de Papel se mostra como uma série criada justamente para se maratonar. A construção da história, as ótimas atuações aliadas ao carisma dos personagens, e o sentimento de incerteza aguçam a curiosidade e a ansiedade em assistir à conclusão do maior e mais audacioso golpe já visto nas telas.