Crítica: Os Fabelmans

Steven Spielberg é considerado um dos grandes mestres do cinema com clássicos e sucessos em todos os gêneros como Tubarão (1975),O Resgate do Soldado Ryan (1998), Jurassic Park (1993), Lincoln (2012), E.T. – O Extraterreste (1982), entre vários outros.

Nos últimos anos ele se dedicou muito a construir filmes sobre os EUA e reviver antigas de suas raízes mais antigas do seu cinema, agora após todos estes anos, chega um dos filmes mais esperados da sua carreira com Os Fabelmans onde é narra a história do jovem Sammy Fabelman que cresceu no Arizona pós-Segunda Guerra Mundial e se apaixona por filmes depois que seus pais o levam para ver “O Maior Espetáculo da Terra”.

Sammy então começa a fazer seus próprios filmes em casa, para a alegria de sua mãe, mas conforme passam os anos segredos de família são descobertos, paralelo à isso ele continua a explorar como o poder dos filmes nos ajuda a ver a verdade sobre o mundo, a produção tem inspirações nas memórias de infância do diretor Steven Spielberg.

O elenco não poderia ter sido mais assertivo, a Michelle Williams rouba cena como uma mãe amorosa, altruísta e independente, que apesar de amor devotado por seus filhos tinha o seu espírito livre e era uma artista, ou melhor, uma pianista. Paul Dano que sempre esteve em papéis tão complexos como Sangue Negro (2007) ou Os Suspeitos (2013) , aqui ele entrega um pai sereno, calmo e completamente devoto de sua esposa e de seus filhos.

A família era composta por três filhos, além do Sammy (Gabriel LaBelle), as meninas eram Lisa (Sophia Kopera), Reggie (Birdie Borria, Julia Butters) e Natalie (Alina Brace, Keeley Karsten) que possuem aproximação com Sammy e trazem momentos cativantes no decore da trama da produção dele com Reggie com a talentosa atriz que havíamos visto em Era uma Vez em Hollywood. Mas, preciso reiterar que a atuação de Williams e Dano são grandes destaques ao capturar suas fragilidades e relações em performances tanto externas como internas ao longo da história.

A história do filme se divide em três atos, o primeiro na sua infância que expõe a relação dele com seus pais, o nascimento de suas irmãs, o seu primeiro contato com o cinema e a sua conexão com a realização de filmes, inicialmente com seus brinquedos, mais tarde com seus familiares e logo em seguida com seus colegas de escola, é neste momento que começamos a conhecer a adolescência de Sammy, que não era bom aluno, mas que tinha um talento nato para produzir filmes, os seus colegas de turma eram bem participativos e seus pais o apoiavam, incluindo o seu tio (Seth Rogen) que era indiretamente parte integrante da família por está sempre presente nos jantares, acompanhamentos e trabalhar diretamente com seu pai.

Todo este ato é o mais longo do filme que aborda vários pontos de sua adolescência com os conflitos familiares e as mudanças na vida em novas cidades, tudo isso levando até o último ato que é o princípio de sua vida adulta passando pela vivência do antissemitismo e o florescer de um romance energético conforme ele precisa enfrentar questões familiares e lidar com a escolha profissional.

O destaque acaba sendo para a direção de Spielberg muito bem acompanhada pela direção de fotografia, Spielberg conduz muito bem em planos lindos que brincam com a escala do cinema e elevando cada pequeno momento da história alternado entre gêneros como comédia, melodrama e até mesmo mistério, mesclando vida com cinema e inserindo vários aspectos de sua filmografia seja pela sensibilidade ou pelo humor inocente que se equilibra com cenas mais cruas e fortes dos problemas familiares.

Os Fabelmans é com certeza um dos melhores de Steven Spielberg e vem recebendo muita aclamação e sendo bastante premiado no Globo de Ouro, indicado ao SAG e com chances grandes de ser um dos favoritos na corrida do Oscar de 2023.

O que pode-se dizer que é bem justo, pois de tantos filmes sobre a magia do cinema esse é um dos mais sinceros, reais e poderosos passando desde a criação dos efeitos e a montagem, como o impacto na vida de uma criança, a difícil vida de quem está entre o cinema e os obstáculos da vida trazendo até certas frustrações e dúvidas.

Os Fabelmans entra para a história como um dos clássicos do Spielberg, dotado de otimismo, uma percepção sobre a vida e com um peso gigantesco sobre eventualidades dolorosas do crescimento e ao mesmo tempo trazendo a presença do cinema de maneira tão bela e contagiante mostrando a sétima arte não é somente bilheterias, equipamentos, marcas de grande poder ou detalhes históricos, mas sim sobre acreditar nesses sonhos em tela e expandir nossos horizontes.